O Círculo, o fim do universo fake?

O Círculo, o fim do universo fake?

08/06/2017 0 Por Alan Uemura

O Círculo é uma das empresas mais poderosas do planeta. Atuando no ramo da Internet, é responsável por conectar os e-mails dos usuários com suas atividades diárias, suas compras e outros detalhes de suas vidas privadas. Ao ser contratada, Mae Holland (Emma Watson) fica muito empolgada com possibilidade de estar perto das pessoas mais poderosas do mundo, mas logo ela percebe que seu papel lá dentro é muito diferente do que imaginava.

Como qualquer sinopse, ela não chega nem perto do que realmente é o filme estrelado por Emma Watson, Tom Hanks, John Boyega e Karen Gillan.

Se você não quer assistir por achar que é mais uma crítica ao seu modo de vida porque ama as plataformas sociais e esse deve ser mais um filme “bronca dos pais”, pode ir sem problema ao cinema pois não é.

O Círculo trata justamente do contrário. Ele sabe que o mundo atual é conectado e fazer um comparativo com 1984 de George Orwell, não é o correto. Não vou fazer comparar os dois, pois sei que a maioria esmagadora nunca leu 1984. Portanto, leiam e depois tirem suas conclusões. Fica a dica!!

O Círcula nada mais é do que uma empresa que poderia muito bem ser o Facebook, Hello ou tantas outras. Ela discute os valores da mentira e que se você não é visto pelas pessoas (ninguém me vê pegando um pedaço de bolo, então isso não é errado), irá fazer aquilo o que quer, e sempre da pior forma. A cena em que isso acontece no filme, é espantosa. Para O Círculo, a transparência é tudo. E ela deve existir desde dos nossos políticos até a nós simples mortais.

E como fazer isso? Ficar conectado o tempo todo. Assim toda a sua vida é mostrada em tempo real para as pessoas do mundo. Comparativo novamente com um outro filme chamado Nerve? Nem tanto, pois em Nerve, a chamada é: “até onde você irá por uma curtida?”. Em O Círculo estamos tratando de privacidade. E para os dias atuais, quem liga para isso?

Podem até responder que 100% das pessoas ligam. Acho que não. Como no filme, gostamos de rankings. Mesmo que nos digam que é apenas um número aleatório e não condiz com a realidade, queremos sempre aumentar nosso número. Seja ele na empresa onde nos apresentam que tivemos 70% de produtividade, enquanto nosso colega ao lado teve 71%. E já queremos ultrapassar ele o quanto antes. A mesma coisa nas redes sociais.

Para as empresas e o marketing, assim como nós, o que vale são os números. É isso o que nos torna populares. A China já trabalha nesse desenvolvimento para os futuros profissionais, onde ter uma boa popularidade irá te colocar em um certo ponto profissional e até mesmo social. Nem um pouco longe de um livro que chamam de ficção e louco.

E dentro do Círculo é assim. As opiniões das pessoas sobre outras, onde a pessoa se socializa participando de diversas atividades, shows entre outras, faz com que ela suba no ranking dentro do Círculo. Nenhuma novidade no que acontece com o Facebook, Youtube e outras mídias. Nada mau, correto? Depende. Acaba sobrando espaço para a sua vida social de verdade? Aquela que você realmente gosta de fazer? E onde fica o espaço das pessoas que não são tão chegadas em se socializar? E a família?

Agora na real, quem se importa? Queremos a todo instante mais e mais viver a vida de outras pessoas. Saber sempre mais sobre elas e dar nossas opiniões “sociais” com outras que tem o mesmo pensamento nosso do que é a verdade e a realidade. E isso é colocado de uma maneira interessante no filme. Não vou dizer como, mas dar dois exemplos.

Eu não tenho condições financeiras ou saúde para fazer um alpinismo. Através de ver por um vídeo em tempo real uma pessoal nos Alpes ou em qualquer outra escalada, poderei viver o que ela faz.

A outra é que sempre dentro de uma rede de amigos, ninguém irá contra o que eu penso. Mesmo que isso seja errado. Uma pessoa cria algo e por eu achar que isso é uma mentira, vou postar que ela não criou e simplesmente comprou pronta. Fazer esse comentário na minha Linha do Tempo e meus “amigos” irão concordar comigo, pois a final, minha Rede Social só possui pessoas selecionadas a terem e seguirem o que eu gosto. Isso é errado? Fica para você a resposta.

E é exatamente isso que o filme faz. Ele não te da as respostas. Ele apenas te mostra todos os lados do que é ter a sua vida exposta.

Como adultos, não queremos ninguém nos bisbilhotando. Mas que de errado há em bisbilhotar a conta do meu filho para saber com quem ele fala? Ou da minha namorada, do meu marido? Tanto que as maiores buscas na Internet são como “descobrir a senha” do e-mail ou da rede social que eles usam.

E é assim que O Círculo trabalha. Um filme que não pode ser catálogado como bom ou ruim. Apenas como um filme sobre “é importante eu saber isso”.

O Círculo é baseado no livro de Dave Eggers. Ele foi publicado em 2013. Portanto, são assuntos atuais. Polêmicos? Nenhum pouco, pois cada um faz da sua vida, o que acha que deve fazer.

E isso, é muito bem mostrado no filme também. Na minha vida, mando eu. E não do jeito que você acha que deve ser.

E sobre o fim do universo fake? Pois bem, em um mundo cada vez mais interativo e com recursos como tablets, smartphones, fica a cada dia mais difícil se esconder. E quanto aos outros tipos de fake, bem, assista ao filme, leia o livro e se divirta!

E que subam as cortinas! Até a próxima!!!

https://www.youtube.com/watch?v=o_dwmoD_XMM