Crítica | Coringa (Joker), Incrível

Crítica | Coringa (Joker), Incrível

27/09/2019 Off Por Surya Bueno

Lembro quando Joaquin Phoenix foi escalado para interpretar o Príncipe do Crime, muitos torceram o nariz descontentes. Ainda mais com uma produção “fora da caixa” depois de diversos longas que não agradaram tanto os fãs e de uma tentativa frustrada de Jared Leto em superar Heath Ledger como o maior vilão dos cinemas.
Falando em Joaquin, lembro desse “garoto” desde quando ele fez Space Camp: aventura no Espaço quando ainda se chamava Leaf Phoenix e seu irmão River ainda estava vivo.
Dizem que o bom ator extraí de suas experiências a memória do comportamento que poderá seguir em uma determinada cena, e Phoenix conseguiu arrancar de sua versão do Coringa o que somente Mark Hamill conseguiu em suas interpretações em dublagem, e olhem que Hamill é considerado o melhor Joker da história do personagem.
Sem spoilers, esse Coringa entra para a história como um filme noir de primeira e com um acabamento fotográfico, figurino, câmera e direção como nunca vistos.
Lembra do excelente trabalho em Logan? Joker vai além e sem caricatos e trejeitos Phoenix nos entrega um Arthur Fleck de cara lavada, maquiagem diferente e alma quebrada mas íntegra de personalidade complexa.
A realidade desse longa é tão visceral que chega a doer nas pessoas menos sensíveis ao tema. O diretor Todd Phillips assume também o roteiro ao lado de Scott Silver e são fortíssimos candidatos ao Oscar. Podem anotar isso.
Quanto as cenas de violência, existem, muitas por sinal. Porém o que pesa de fato no decaído Arthur é a constante perda de tudo, não somente da sua sanidade mental, mas da esperança na civilidade em Gothan e em todos a sua volta.
De uma maneira brilhante e estética Todd Phillips consegue através da poesia cinematográfica levar o público para dentro daquela cidade decadente e seus contrastes e com as poucas mas pontuais referências nos leva de corpo e alma ao lado dos personagens que sempre amamos nos quadrinhos.
Esse não é um filme para crianças, fato. Todos que saíram da sala de exibição hoje para os jornalistas não conseguiram ficar indiferentes sobre essa obra de arte.
Vingadores Ultimato leva o espectador para o alto, com otimismo e esperança. Coringa mostra de maneira visceral como uma alma perdida e sem controle é corrompida por uma cidade decadente e levar a pessoa a uma reflexão o quanto o mundo é injusto. Imperdível. Somente para os fortes e parabéns por nos entregar um Coringa como a muitos anos não se via.