Crítica | A confusa ordenada história de Arlequina e suas amigas

Crítica | A confusa ordenada história de Arlequina e suas amigas

06/02/2020 Off Por Surya Bueno

Margot Robbie está certa em abraçar de forma carinhosa a sua personagem Arlequina, destaque absoluto de Esquadrão Suicida e a ex-do-Coringa que catapultou uma enxurrada de fãs da desloucada personagem está de volta na condição de protagonista.
Em Esquadrão sua personagem esbanjava simpatia em meio a divertida interpretação de Robbie. Em Arlequina isso não é diferente com a tresloucada e sem rumo anti-heroína.
Na época de Esquadrão não era difícil encontrar meninas de qualquer idade usando um cosplay da personagem. A bota meio cano original era vendida a preço de ouro e a camiseta Daddy Til Monster virou símbolo cult entre as meninas pequeninas.
Porém, a recomendação para maiores de 17 anos nos EUA e 16 anos aqui no Brasil limita bastante a entrada das pequenas fãs, e há motivos para isso.
Ao contrário de Coringa, o transtorno da Doutora Harleen Frances Quinzel fica disfarçado entre piadas e figurino colorido, mas engana-se que esse filme é direcionado para o público infantil.

Existem cenas fortes com violência bem ao estilo Deadpool e o filme peca entre o constante balanço entre sangue/violência e piadas/diversão, o que o torna difícil de se classificar, por ser amada por meninas pequenas, ao contrário do mercenário tagarela.
Margot Robbit faz um trabalho excelente e sabe como ninguém como funciona o cérebro “despirocado” da personagem.
Na primeira parte Harley “tenta” explicar ao espectador bem ao estilo “quebrando a quarta parede” sua história fora de ordem a sua atual condição depois de romper de vez com o Coringa. A história muda entre flashbacks e presente apresentando entre cada um deles as outras “Birds”, Canário Negro, Renée Montoya, Caçadora e Cassandra Cain com as alternâncias e conflitos mentais de Harley e montagem torna-se problemática em cenas que soam mais complicadas do que são na realidade, com certeza a escolha tenha sido proposital para justamente transparecer o quão confusa ou incompreensível é a cabeça de Quinzel.
Quanto a tal emancipação das personagens, Canário Negro, Renée Montoya, Caçadora e Cassandra Cain cada uma a seu modo busca superar algum tipo de abuso, preconceito ou violência que tenha sofrido no passado (o que não é nada divertido),  que funciona muito bem individualmente, contudo não é justificativa para o título do filme já que elas se encontram somente no último ato do filme com cenas de ação incríveis.
Ewan McGregor (“Máscara Negra”) faz um vilão a altura da loucura proposta na narrativa e em momentos ele chega a dar medo pela frieza.
No final Aves de Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa é um longa bem dirigido, com um roteiro bastante inteligente em vários momentos, o que arranca algumas gargalhada, com uma interpretação excelente de Margot Robbie, com uma fotografia, figurino, trilha sonora incríveis. Algumas tiradas interessantes, mas que peca entre cenas de violência extrema em contraste com o resto da história.