Crítica livro | Jogador Número 1

Crítica livro | Jogador Número 1

28/08/2017 2 Por Alan Uemura

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Um mundo em jogo, a busca pelo grande prêmio. 

Você está preparado, Jogador número 1?

O ano é 2044 e a Terra não é mais a mesma. Fome, guerras e desemprego empurraram a humanidade para um estado de apatia nunca antes visto.

Wade Watts é mais um dos que escapa da desanimadora realidade passando horas e horas conectado ao OASIS – uma utopia virtual global que permite aos usuários ser o que quiserem; um lugar onde se pode viver e se apaixonar em qualquer um dos mundos inspirados nos filmes, videogames e cultura pop dos anos 1980.

Mas a possibilidade de existir em outra realidade não é o único atrativo do OASIS; o falecido James Halliday, bilionário e criador do jogo, escondeu em algum lugar desse imenso playground uma série de easter-eggs que premiará com sua enorme fortuna – e poder – aquele que conseguir desvendá-los.

E Wade acabou de encontrar o primeiro deles.

Livros não devem serem comparados! Jamais. Ainda mais dizer que Jogador Número 1 é o novo Matrix. Quem afirmou isso nem ao menos leu o livro. Apenas deu uma passada por cima da sinopse.

Este é o primeiro livro de Ernest Cline e ganhou vários prêmios. Não é uma maravilha e estupendo, mas é bom. Bom o bastante para te deixar entretido por 9 horas de leitura sem parar. Pode até parecer estranho escrever que fiquei 9 horas lendo sem parar e afirmar que não é uma maravilha, mas é isto mesmo. O livro é bom! E só!

Jogador Número 1 é uma homenagem aos clássicos da década de 1980. A toda a sua cultura.

O mundo ao redor do personagem principal, Wade, está destruído. Não por guerras, mas pela ganância do ser humano. A humanidade extinguiu seus meios de gerar combustível e o planeta vive em uma miséria pior que a Crise de 1929. Emprego é praticamente impossível de se conseguir. Como comentado em uma parte do livro, até para se conseguir uma vaga de atendente na lanchonete, a fila de espera é de quase 5 anos. Então a única maneira de se fugir desta realidade, é entrando em outra: o OASIS.

Durante o livro várias referências são feitas, como ao DeLorean, Dr Who, Galactica, etc

Este novo vídeo game é praticamente um The Sims ou Second Life, onde o usuário – o Jogador Número 1, que é uma homenagem aos antigos Arcades, por isso esse nome -, pode criar um Avatar e ser quem ele desejar. Desde um humano simples, com superpoderes, um Alienígena, Orc, Jedi, Mago, ou seja, o limite é a sua imaginação. Só que mesmo lá dentro, para se conseguir itens ou até mesmo viajar, são necessários créditos. E também pode se criar uma empresa e fazer negócios, além de ir para a escola virtual em um planeta, entre outras coisas mais adultas.

O livro se perde justamente aí na minha opinião. Poderia ter dado um pouco mais de crítica social, e não apenas algo rápido e focado apenas dentro do OASIS e a homenagem a década de 1980. Com isso os personagens se tornam até mesmo superficiais. Dá para se gostar de Parzival, Art3mis e cia, mas não dá para se criar um vínculo mais forte. Parece ser algo comum atualmente os personagens e o mundo ao redor em livros e filmes, serem apenas visuais e nada a mais.

As relações entre os personagens segue a tendência atual dos usuários do Facebook, onde muitos criam fakes para serem quem eles desejam. Homens que se tornam mais fortes e ricos, mulheres mais sexys ou de gêneros diferentes. Dentro do OASIS tudo é permitido. E a privacidade é levada muito em conta.

De qualquer forma, o livro é muito bom. Principalmente para aqueles como eu, que cresceram na década de 1980 jogando Atari, Adventure, Enduro, guardando cada dinheiro do lanche da escola para ir ao “Fliperama” (nome correto é Arcade) jogar Pac-Man, comprar discos de Vinil na Galeria do Rock (São Paulo), ir no cinema e assistir filmes como Karatê Kid e não precisar sair e pagar outra entrada, pois naquele tempo com um ingresso podia se passar o dia lá dentro, entre tantas outras coisas.

Os jogos de RPG de mesa como D&D são muito mencionados. Aqueles que assistem a série do Netflix, “Stranger things“, irão se situar bem fácil nas palavras e nomes de personagens. Fãs da cultura japonesa irão delirar com os personagens comentados no livro como Ultraman, Gundam, Evangelion entre tantos outros.

E vão parar muitas vezes para fazerem alguma anotação ou até mesmo transformar este livro em um jogo de RPG. Que por sinal, fica a dica para os antigos jogadores ou até mesmo os novos.

Jogador Número 1 é um bom livro para ser lido com descontração e sem pensar em senso crítico social e político. Apenas para se lembrar da época de ouro da cultura nerd com suas criações e inovações. Ou mesmo aprender mais sobre ela.

O livro ganhou um filme que chega nas telas em 2018 pelas mãos de Steven Spielberg, que também é comentado no livro. Pelo trailer deu para perceber que 90% do que está lá em Jogador Número 1, não será adaptado. Por problemas de direitos autorais, de imagem ou porque simplesmente não dá para adaptar, já que muitas das referências no livro são apenas citadas e não acontecem em forma de ação.

Mesmo assim, é esperar para ver. E até lá, sente-se em um lugar confortável, coloque sua fita no seu walkman, aperte START, diga sua frase para iniciar – “Saudações, Guerreiro Estrelar. você foi recrutado pela Liga Estrelar para defender a fronteira da galáxia contra Xur e a armada Ko-Dan” – e seja bem vindo JOGADOR NÚMERO 1!

 

Confira abaixo o trailer do filme